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  • Foto do escritorLucca Hansen

Blefarite o que é? Como tratar a Blefarite?

Atualizado: 20 de jan.

A blefarite é uma causa de olhos vermelhos, esta é caracterizada pela vermelhidão da margem das pálpebras.




Este problema é caracterizado pelo excesso de oleosidade nas glândulas lipídicas (gordura) das pálpebras, estas glândulas são chamadas de "glândulas de meibomius". Portanto, este problema pode também ser chamado de Meibomite.


Principais Sintomas da Blefarite
Principais Sintomas da Blefarite: olho vermelho, inchaço com vermelhidão das pálpebras, secreção purulenta.

Quais os sintomas da blefarite?

Vermelhidão da pálpebra - geralmente na margem dos cílios.

Vermelhidão do olho (da sua parte branca).

Perda de cílios.

Aparecimento de hordéolos (terçol) de repetição.

Olho seco.

Coceira nas pálpebras ou no canto dos olhos.

Descamação ao redor dos cílios.

Secreção amarelada pela manhã, ou que se forma ao longo do dia - causando olhos "grudados" pela manhã.



Sintomas de Blefarite: olho vermelho, inchaço das pálpebras, pálpebras vermelhas, cílios com crostas (caspinhas), pele brilho alterado e vermelha.
Sintomas de Blefarite: olho vermelho, inchaço das pálpebras, pálpebras vermelhas, cílios com crostas (caspinhas), pele brilho alterado e vermelha.


Diagnósticos diferenciais da blefarite?

Conjuntivite alérgica.

Conjuntivite bacteriana.

Olho vermelho crônico.

Terçol (hordéolo)


Quais os sinônimos de blefarite?

Blefarite anterior, blefarite posterior, meibomite, terçol difuso.


Bebê com blefarite da pálpebra inferior do olho direito.
A blefarite pode atingir pessoas de todas as idades, inclusives os bebês, as crianças os adultos e os idosos. Este bebê tem blefarite da pálpebra inferior do olho direito. Nota-se inchaço da pálpebra, vermelhidão e perda das linhas normais da pálpebra. Autor: Sage Ross Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Infant_with_blepharitis_on_the_right_side.jpg

Quais as causas da blefarite?


Idade (mais comum na adolescência e vida adulta), fatores hormonais (testosterona e ciclos menstruais nas mulheres), fatores ambientais e comportamentais(poluição, uso de maquiagem, pó, poeira, exposição à poluição particulada fina, hábito de levar as mãos aos olhos, coceira), maior tendência à maior oleosidade da pele, tendência à descamação da pele, associação com atopia ou alergia de pele, associação com dermatite seborreica, associação com psoríase, ácaros da pele que vivem na margem dos cílios e nas glândulas de meibomius (Demodex folliculorum e Demodex brevis).



Caso de Blefarite Seborréica, nota-se na seta vermelha um colarette (pequena caspa que se forma nos cílios - resultado da descamação da pele).
Caso de Blefarite Seborréica, nota-se na seta vermelha um colarette (pequena caspa que se forma nos cílios - resultado da descamação da pele).


Como tratar a blefarite?


Depende da severidade do problema, se for leve ou moderada o melhor tratamento são compressas mornas e início de uma rotina de higienização dos cílios.


As compressas mornas são muito interessantes e podem ser feitas antes da realização da higiene dos cílios. Assim, estas ajudam a abrir os poros das glândulas e a tornar a secreção interna mais mole, mais flúida, permitindo sua expressão/drenagem pelos ductos das glândulas. Veja na foto abaixo como fica a obstrução dos pontos de drenagem na blefarite posterior.

Nesta foto se notam os orifícios entupidos das glândulas de meibômio ao lado dos cílios (posterior); ainda nota-se secreção purulenta nos cílios. A blefarite pode ter componente infeccioso - geralmente estafilócico ou similar.
Nesta foto se notam os orifícios entupidos das glândulas de meibômio ao lado dos cílios (posterior); ainda nota-se secreção purulenta nos cílios. A blefarite pode ter componente infeccioso - geralmente estafilócico ou similar.

A limpeza dos cílios pode ser feita com gel específico para esta condição: como o Blephagel, o Systane Lid Wipes ou através do uso de Shampo Infantil Neutro como o Shampoo Johnson Baby Amarelo.


No caso do uso de Shampoo neutro, deve-se criar uma espuma pingando uma pequena gota de shampoo e duas ou três gotas de água, após aplica-se a espuma com os olhos fechados na margem da pálpebra, com movimentos circulares e deve-se então enxaguar completamente.


O uso de soluções próprias para limpeza como o Blephagel ou o Systane Lid Wipes permite a limpeza com mais conforto e menos risco de irritação devido seu caráter mais neutro da solução. As compressas incluídas nos produtos ajudam a melhor limpar os poros das glândulas e a remover as pequenas sujeiras que ficam nos cílios (chamadas de colarettes - podem ser vistas no exame oftalmológico chamado lâmpada de fenda).


Nos casos mais severos pode ser necessário uso de antibiótico tópico e corticoesteroide, na forma de colírio ou de pomada oftalmológica. É chamado de terapia "combinada", pois associa-se o uso destes dois medicamentos. Deve-se ressaltar que este tipo de tratamento deve ser sempre indicado pelo médico oftalmologista, pois o uso de antibióticos de maneira desnecessária pode piorar o problema. Ainda, o uso de corticoides pode levar ao risco de desenvolvimento de complicações oftalmológicas como o Glaucoma (glaucoma cortisônico), e a Catarata. Após cessar os corticoides muitos pacientes tem efeito rebote, com piora dos sintomas, pois não foi realizado tratamento da causa base (entupimento das glândulas da margem das pálpebras).



Blefarite difusa com inchaço intenso de toda a pálpebra superior do olho direito.
Blefarite difusa com inchaço intenso de toda a pálpebra superior do olho direito.


É importante minimizar o uso de corticoesteroides e favorecer a manutenção destes casos com a limpeza de cílios.


O uso de lubrificantes sem conservantes é interessante, pois pode ajudar o paciente a ter alívio do olho seco associado e o ajudar a coçar menos os olhos.


Coçar os olhos pode ser muito prejudicial e causar piora do problema. Ao ferir as pálpebras com as unhas há maior proliferação bacteriana no local das microlesões, o que pode causar piora da blefarite.


Para pacientes com muita coceira, ou alergia associada pode ser interessante o uso de colírios antialérgicos - como o Octifen, Patanol S, Lastacaft e similares.


Cada caso de blefarite deve ser individualmente avaliado quanto à existência destes seguintes fatores: olho seco, alergia associada ou não à rinite alérgica, atopia, uso de maquiagem, existência de coceira e do hábito de coçar os olhos.


Suplementação: O uso de terapias como Vitaminas para auxiliar a produção de uma secreção mais saudável das glândulas pode ser benéfico e ajudar no tratamento dos casos de blefarite. Existem atualmente formulações a base de Omega 3 e Vitamina D para este tipo de condição como o L-CAPS D+ e o Preservit na maioria das farmácias. O omega 3 tem ação antiinflamatória e ajuda a tornar a secreção lipídica menos espessa.


Para casos recidivantes e/ou mais graves pode ser indicado o tratamento com antibiótico por via oral (como a azitromicina, ou a doxiciclina). Para estes casos existem tratamentos excelentes como a expressão das glândulas de meibomius no consultório, o uso da luz intensa pulsada (IPL no inglês) e o Lipiflow.


Estes casos recidivantes devem ser sempre avaliados quanto à presença de Blefarite ocasionada por Demodex sp. (veja abaixo na última seção deste artigo mais a respeito), ácaro que pode agravar e/ou causar a blefarite resistente ao tratamento / recidivante / calázios recidivantes.

O iLUX é um dos tratamentos que usa Luz Pulsada para tratamento da Blefarite / Meibomite.
O iLUX é um dos tratamentos que usa Luz Pulsada para tratamento da Blefarite / Meibomite.

A blefarite pode causar outros malefícios?


É comum nos casos de blefarite crônica o aparecimento de terçois (hordéolo) e calázios, que podem trazer desconforto e alteração estética palpebral. Estes problemas ocorrem mais facilmente quando há entupimento das glândulas de meibomius, pois há favorecimento da migração das bactérias rumo aos ductos quando não há correto escoamento da secreção meibomiana.


Calázio à esquerda Vs. Hordéolo (Terçol) à direita: são diferentes. O calázio é crônico e indolor. O Terçol é doloroso e agudo.
Calázio à esquerda Vs. Hordéolo (Terçol) à direita: são diferentes. O calázio é crônico e indolor. O Terçol é doloroso e agudo.

À Esquerda; Terçol interno; À Direita; Terçol Externo. O nome técnico para terçol é Hordéolo.
À Esquerda; Terçol interno; À Direita; Terçol Externo. O nome técnico para terçol é Hordéolo.


Ainda, o olho seco evaporativo ocorre muitas vezes nestes casos, pois a qualidade da lágrima dos olhos fica prejudicada pela ausência da produção correta da secreção lipídica que deveria funcionar como uma "tampa" que ajuda a evitar a evaporação da lágrima.


O olho vermelho crônico pode ser causa de constrangimento social em eventos, no mundo corporativo, e em diversos locais. Alguns pacientes ignoram os sintomas inicialmente, mas procuram ajuda quando notam que o olho vermelho está sendo percebido por outros.


A blefarite pode cronicamente causar olho vermelho, coceira nos olhos, perda de cílios permanente, aparecimento de cílios mal formados (distiquíase).


O uso de maquiagem pode piorar estes casos?


O uso de rímel ou de lápis pode favorecer o entupimento dos poros das glândulas e piorar este tipo de caso. Ainda, pode haver alergia associada que pode piorar com o uso deste tipo de maquiagem.


Algumas pessoas precisam usar maquiagem devido suas funções de trabalho ou não podem ficar sem por outros motivos, portanto é importante que seja realizada demaquilagem adequada com produtos com o Blephagel e o Systane Lid Wipes antes de se deitar.


Ainda, deve-se sempre usar maquiagem nova e evitar o uso de produtos abertos há mais de 2-3 meses, pois pode haver contaminação dos produtos. Outro hábito a ser evitado é o compartilhamento de maquiagens entre diferentes usuários.


Os ácaros Demodex folliculorum e o Demodex brevis e seu papel na Blefarite Crônica - Refratária à Tratamento:


Diversos pacientes apresentam um quadro de blefarite que é causado e/ou agravado pela presença de uma população exacerbada dos ácaros da pele.


Sintomas:

Olho vermelho

Pálpebra vermelha e irritada

Obstrução das glândulas de meibomius

Blefarite resistente ao tratamento.


Sinal patognomônico: colarettes cilíndricos na base dos cílios.


Deve-se suspeitar desta condição (Blefarite por Demodex sp) nos pacientes que tem Blefarite que é resistente ao tratamento, habitualmente que já procuraram diversos médicos oftalmologistas sem sucesso, já tentaram múltiplos colírios e lubrificantes e pomadas sem alívio dos sintomas.


A) Colarettes cilíndricos. B) Obstrução glândulas meibomius C)Blefarite comum sem Demodex. D)Ácaros na microscopia de luz.
A) Colarettes cilíndricos por Demodex B) Obstrução glândulas meibomius por Demodex C)Blefarite comum sem Demodex. D)Ácaros na microscopia de luz.

Estes ácaros são diminutos, vivem dentro das glândulas e nas margens, são invisíveis ao olho nú, e se alimentam da secreção sebácea das glândulas de Meibomius e da secreção dos cílios.


Os diminutos ácaros Demodex nas glândulas da margem das pálpebras.
Os diminutos ácaros Demodex se alimentam da secreção das glândulas da margem das pálpebras.


Na maioria dos pacientes são comensais da pele e não causam problemas, porém em certos pacientes há tendência à sua proliferação exacerbada e causam quadros de blefarite refratária ao tratamento convencional com antibióticos, pomadas e higiene de cílios com os produtos habituais.


São tipicamente diagnosticados quando se observa ao exame de lâmpada de fenda colarettes específicos que são cilíndricos e mais depositados nas bases dos cílios, há tipicamente obstrução das glândulas de meibomius associada e dificuldade de sua expressão.


Colarettes cilíndricos na base dos cílios, típicos de blefarite por Demodex sp.
Colarettes cilíndricos na base dos cílios, típicos e patognomônicos de blefarite por Demodex sp.

Estes colarettes específicos quando identificados são patognomônicos (100% de certeza) da presença de Demodex sp., e portanto não há necessidade de exame dos cílios epilados à microscopia de luz para identificação dos ácaros em sí. Existe habitualmente coinfestação com bactérias como o Staphylococcus aureus e/ou epidermidis.


Tratamento da blefarite por Demodex: a limpeza dos cílios com produtos com o Tea Tree Oil é muito benéfica nestes casos (óleo de melaleuca), este óleo tem propriedades antibacterianas, antifungícas e mais importante tem atividade contra o ácaro (acaricidas) Demodex sp. (folliculorum e brevis).


Comercialmente disponível no país temos o Blefos, espuma para higiene dos cílios com óleo de melaleuca. Alguns oftalmologistas ainda preferem a prescrição de produtos manipulados com o óleo de melaleuca.


Alguns pacientes com dificuldade da drenagem das glândulas de Meibomius, apresentam benefícios importantes ao serem tratados com expressão das glândulas de Meibomius no consultório, e/ou com Lipiflow ou Luz Pulsada.


Nos Estados Unidos é disponível um colírio específico indicado para Blefarite por Demodex sp. chamado Xdemvy (lotilaner 0,25%) que tem propriedades anti-ácaro excelentes, mas ainda não comercialmente disponível no Brasil e comprado no exterior apenas com receita médica.


Ação acaricida (anti-ácaro) do colírio com Lotilaner disponível nos EUA sob a marca Xdemvy.
Ação acaricida (anti-ácaro) do colírio com Lotilaner disponível nos EUA sob a marca Xdemvy.







Fontes legais para leitura:

https://eyewiki.org/Blepharitis (ótima fonte em inglês da academia americana de oftalmologia - AAO).


Demodex Species and Culturable Microorganism Co-Infestations in Patients with Blepharitis


In vitro demodicidal activity of commercial lid hygiene products

Are Tiny Mites Causing Your Blepharitis?

Mukamal, Reena.

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